Professora Dona Raquel:
Sei que a senhora já se foi para junto de Deus, como tantas pessoas queridas, e que lá se juntaram aos santos e santas, no céu.
Quero demonstrar aqui, através de poucas linhas, todo meu carinho e amor sincero que sempre tive pela senhora e sei que a senhora sabia e sabe disso. E quero revelar a todos, principalmente aos seus filhos, gerados também, na fé e no amor do seu coração.
Agradeço a Deus que um dia a enviou para mim, tão jovem, sábia e tão bela, tão humana e especial, porque Deus sabia, nos seus desígnios, que Tanque Novo precisava de alguém para iluminar, ensinar e ser luz para tantas pessoas. Eu tive sorte de ser uma dessas pessoas. Minha mãe me falou, também, que a senhora lhe ajudou nos momentos difíceis, sendo muito boa para ela.
Lembro-me, como se fosse hoje, do meu primeiro dia de aula. Meu papai me arrumou, me vestiu a farda, me deu a cartilha do ABC e falou: “Vai para a escola!” E eu fui correndo. Lá, encontrei-me com Zezé de Seu Raul, que era um pouco maior do que eu. Dona Raquel, nossa “Fessora”, me acolheu e me ensinou... Logo, passei à frente de algumas colegas...
Era muito difícil sair para estudar em outras cidades como Paramirim, Macaúbas ou Caetité... Chorei muito. Mas, fui me acostumando com a saudade, que era terrível. Queria mesmo era que minha vida continuasse sempre
Recordo ainda que Dona Raquel, um dia, me tocou na cabeça e me perguntou: “Quantos anos você tem?” Respondi que tinha onze anos. Ela sorriu e me abraçou.
De vez em quando, eu fugia da sala de aula e ia beber água, andar pelo quintal, olhar a casa, as fotos que até hoje existem naquelas paredes...
Achava tudo lindo e ficava morrendo de vontade de comer aquela comida, que exalava um cheiro muito agradável...
São ótimas e doces lembranças de pessoas inesquecíveis.
Hoje, graças a Deus, sou feliz e construí minha família, também. Meu marido Edgar e nossos filhos Luciano, Luciana, Luzia, Edgarzinho e Ludmila sabem das histórias simples de Tanque Novo, e das pessoas maravilhosas que fizeram parte da minha vida, servindo de exemplos para cada um de nós.
Querida “Fessora”, jamais me esquecerei da senhora!
Perdoem-me se não fui tão atenciosa como o meu papai, indo mais frequentemente, aí. Mas, tenham certeza que guardo no coração, cada um de vocês, e também, as boas recordações.
Esses rabiscos saíram do fundo do meu coração. Que Deus abençoe todos os filhos e entes queridos de Dona Raquel!
Saudades minhas e dos meus familiares.
Neuza Marcil
Betim, 09/04/2009