João Bazílio Lopes era filho de Brasilino Lopes da Silva
e Ubaldina Alves de Brito. Nasceu no dia 26 de janeiro de 1935, na comunidade
de Morrinhos, onde passou a infância e parte de sua juventude. Depois,
trabalhou durante algum tempo em São Paulo, como tratorista.
Em 1960, casou-se com Suzana Vieira de Oliveira e no ano
seguinte mudou-se para Tanque Novo, em companhia de sua esposa, com o objetivo
de trabalhar na serraria de Osvaldo Marques da Silva (Vavá Marques). Desse matrimônio, nasceram duas
filhas: Maria Vieira Lopes e Suzete Vieira Lopes.
João Bazílio foi um dos homens polivalentes de Tanque
Novo. Trabalhou como agricultor, ferreiro, funileiro, marceneiro, retratista ou
fotógrafo, motorista de caminhão, mecânico, reformador de baterias, encanador,
eletricista, músico (tocava sanfona, violão e tuba; com este último
instrumento, participou ativamente, por longos anos, da Banda Filarmônica de
Tanque Novo, animando os festejos da Padroeira “Coração de Maria” e tocando em
cidades vizinhas). Fazia enxertos em frutas e legumes, foi fogueteiro (a “nega
de fogo” e a cascata eram os destaques nos fogos de artifício), fabricante de
vassouras, rodos e trinchetes, comerciante, dentista prático, protético e
político. Além disso, prestava socorro às pessoas, vítimas de pequenos
acidentes, como: engasgos, sementes em nariz de crianças, anzol preso na pele,
ou, até mesmo fraturas em braços; tudo isso ele resolvia. Estancava
hemorragias, fazia curativos e aplicava injeções, também.
Sempre foi curioso e gostava de novidades. Foi um dos
primeiros possuidores de motocicleta e, com a chegada da energia elétrica, logo
comprou uma televisão em preto e branco, que servia de lazer para muita gente.
Trabalhou com o serviço de alto-falante, foi sócio fundador e presidente do
Ginásio Cenecista de Tanque Novo, contribuindo, inclusive, para a implantação
do segundo grau. Por ser conhecedor de teoria musical, mesmo sem ter o curso
primário completo, deu aulas de música no colégio.
Com sua velha
máquina de datilografia, ajudou jovens de sua terra a serem aprovados em
concursos de bancos. Era participativo, farrista, gostava de tocar violão para
os rapazes em feijoadas e piqueniques, e tinha prazer de receber em casa os
tocadores de Reis, todo mês de janeiro.
Como político, foi vereador em 1970, na gestão de
Juvêncio Carneiro Neto, quando Tanque Novo era distrito de Botuporã. Nessa
época, ele fazia títulos de eleitor na zona rural, andando de bicicleta. Ficou
bastante decepcionado, porém, com a política, tanto a local quanto a estadual e
a nacional. Na hora do jornal da televisão, mudava de canal para não ouvir
falar sobre corrupção. Preferia desenhos, filmes, novelas, programas populares
ou rurais. Quando não havia nada interessante, assistia a DVDs de aventuras,
bangue-bangue, novelas do passado ou programas humorísticos. Mesmo assistindo
várias vezes o mesmo programa de humor ou filme, dava muitas risadas de
Mazzaropi, Chaves e dos Trapalhões.
Afastou-se da sociedade e ficou muito recolhido, muito
caseiro.... Comprou um terreno na comunidade de São Domingos, que era sua
distração: plantava, tirava leite de algumas vaquinhas, cozinhava e concluía
seus trabalhos protéticos, de dentaduras... Só não abriu mão de sua televisão!
Contornou a falta de energia ligando o aparelho em uma bateria de carro e mais
uma vez fez a alegria de muita gente. Depois de certo tempo, devido a um
desgosto, acabou vendendo o terreno para evitar maiores aborrecimentos.
Mesmo com a saúde debilitada e a idade um pouco avançada,
tinha o prazer de tocar violão, aos domingos, na rádio de Tanque Novo, quando
aproveitava para mandar “um alô” para os amigos.
João Bazílio foi um homem simples, humilde, inteligente,
trabalhador e, acima de tudo, honesto. Faleceu no dia 18 de março de 2014. Partiu,
deixando seu nome cravado na história de Tanque Novo.