Sitemeter

21 de set. de 2020

ELOÍSA RECITA CORDEL

Áudio gravado para o programa “Saudade do Meu São João”, da Rádio RWR de Tanque Novo, em junho de 2020.


 

ISNAR EXALTA RAQUEL E SEUS FAMILIARES

Trecho da fala de Isnar, para a Rádio RWR de Tanque Novo, em maio de 2020, onde ele fez um passeio virtual, entrando em várias casas daquele povoado de Tanque Novo, na década de 1960.


 

13 de set. de 2020

O SÃO JOÃO DA MENINA ELÔ

Cordel da professora Márcia Haidê de Caetité, baseado nas histórias de Eloísa. Márcia é membro da Academia Caetiteense de Letras.


O São João da Menina Elô

 

Das lembranças que trago

a primeira é a da mãe querida,

Ilustre professora Raquel,

que jamais será esquecida,

pois, ela muito se lembrava

e, emocionada, narrava

esse capítulo de minha vida.

 

O São João de Tanque Novo

sempre foi muito animado.

Em cada rua, em cada roça,

por todos comemorado.

Em tempos de pandemia

Sem nossa maior alegria

o jeito é voltar ao passado.

 

Lembro que em 1974

chegou aqui um contador,

sujeito muito simpático,

com fama de galanteador.

Estava recém-formado

e vindo de Brumado

esse nobre conquistador.

 

Junto com Élio Marques

Figurão deste lugar,

Valdo de Zenaide e Benévolo

outras pérolas que devo citar,

o tal cabra arretado,

o famoso Gilberto Dourado,

Resolveu reinventar.

 

Foi fundada uma cabana

inspirada nas coisas da roça.

A tal Tonga da Mironga

era toda feita de choça.

Mas, mesmo sendo singelo

ficou bom e muito belo

nosso clube de palhoça.

 

Eu, que era ainda menina,

não podia ainda entrar,

pois, o perigo, na época,

era o Bráulio se enfezar

e terminar as pancadarias

junto à casa do tio Azarias,

fazendo a festa acabar.

 

Nesse tempo de menina

Eu andava rindo à toa.

Lembro bem dos preparativos

desta festa muito boa.

Só uma coisa eu não gostava!

O que muito me torturava

era a matança da leitoa.

 

A grande atração da festa,

disto me lembro bem,

era o Velhinho da Fogueira

que tocava como ninguém.

O sanfoneiro dava o tom

e a gente curtia o som.

Dançando num vaivém.

 

Outra coisa que não esqueço

é aquela superstição

que tinha no dia seguinte,

dia santo de São João.

Usando a coroa de são caetano

a gente se benzia todo ano!

Era parte da tradição.

 

Outra coisa interessante

que gosto de recordar

era aquela superstição

para o nome do amado achar.

Que gostosa brincadeira!

Os papeizinhos na fogueira

para um nome revelar.

 

Mas, quando fiquei mocinha,

com meus vestidinhos de chita,

saía toda emperiquitada,

com a roupa nova e bonita;

e caía na festança

onde tinha a comilança,

a quadrilha e o pau-de-fitas.

 

Êta tempinho bom!

Guardado no coração.

Rolava tanta paquera!

A gente tomava o quentão.

E antes da fogueira apagar

a batata tinha que assar

pra completar a diversão.

 

Nossa festa também tinha

outra singularidade:

era o caminhão da folia,

com sua excentricidade

Tião de Dorinha o criou

e pelas ruas circulou

carregando a felicidade.

 

As quermesses eram lindas!

Havia maior devoção.

Até nas festas escolares

maior era a animação!

Pois havia uniformidade,

muito mais fraternidade,

e muito mais São João.

 

Não que agora seja ruim.

Mas, o tempo é curto e voa!

Carregando certos costumes,

certos detalhes e certas pessoas.

E em mim bate a saudade

daquela felicidade

daquela festa tão boa.

 

Essa é a história de Eloísa

Filha de Arlindo e Raquel,

mãe de três lindas meninas,

a esposa de seu Miguel.

Que relata com emoção

como era seu São João

nas rimas deste cordel.

 

 Por: Márcia Haidê, Junho/2020