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2 de ago. de 2009

ESCOLA NORMAL DE CAETITÉ

Entrevista de Adriana de Oliveira Rocha com a professora Rachel




Foto da Escola Normal de Caetité
(Hoje, Câmara de Vereadores)


Trecho da dissertação de Mestrado em Educação pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC – da autoria de Adriana de Oliveira Rocha[1]:

“ANÍSIO TEIXEIRA E A ESCOLA NORMAL DE CAETITÉ/BA: UM PROJETO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES PRIMÁRIOS (1926/1941)”

(...)
Dona Rachel Andrade, diplomada pela Escola Normal de Caetité, no ano de 1932, afirma que:

Dona Celina Lima, irmã de Dr. Osvaldo, me protegia muito; tinha na Escola Normal de Caetité uma instituição denominada Caixa Escolar que ajudava os alunos que não tinham condições. Antes era a minha madrinha que pagava tudo na escola, inclusive a minha matrícula, aí o senhor Batista Neves falou para ela que existia essa instituição que ajudava os alunos mais necessitados e, a partir daí, fui sendo ajudada pela Caixa Escolar.[2]

(...)
Os alunos que não tinham condições de comprar livros pegavam emprestados com os colegas ou então tinham que ir para a casa do colega estudar e/ou ir para a biblioteca da Escola, o que era ainda mais difícil, pois nem sempre havia livros suficientes para todos os alunos. Dona Rachel Andrade, ex-aluna da Escola Normal de Caetité/BA, informa-nos que:

(...) Bons professores, explicavam muito, boas colegas, eu não tinha livros na época, estudava com as colegas, na casa de Agnalda Públio eu ia muito (...) era com muita dificuldade que se estudava nessa escola, principalmente, os pobres (...) estudava à noite, preenchia o que foi dado na aula através dos livros da colega Agnalda. Eu estudava muito por apontamentos, os colegas emprestavam muitos livros, os professores também emprestavam muitos livros.[3]



(...)
Apesar de se verificar certa relação de submissão entre professor e alunos, percebemos na fala de alguns entrevistados o relacionamento de amizade, cordialidade e admiração que perpassava a relação professor/aluno. (...)


(...) Dona Celina Lima, irmã de Dr. Osvaldo, me protegia muito (...) bons professores (...) os professores também me emprestavam livros (...) [4]

(...)
Dona Rachel Pereira aponta que “era um dia especial para nós, passávamos o dia todo envolvidos com essa formatura, os que podiam participar faziam-se presentes na missa em ação de graças, na colação de grau e, à noite, no baile. Eu não participei porque não tinha condições econômicas na época.”[5]



Comentário de Adriana:“Falar sobre Dona Rachel é narrar sobre uma pessoa extraordinária, um ser sublime e que tive um contato rápido, somente uma manhã, porém parecia ser uma eternidade porque foi um momento no qual tivemos o enorme prazer de conversarmos sobre tão agradável tema que era sobre a Escola Normal de Caetité, querida e inesquecível instituição pública de ensino por todos que ali passaram (tanto alunos quanto professores).
Percebi no semblante de Dona Rachel que a mesma estava felicíssima, lembrava-se de momentos inimagináveis (memória invejável); foi uma verdadeira retrospectiva pelos anos 20 e 30 da educação caetiteense.
Apesar de não nos conhecermos, anteriormente, parecíamos “grandes” e “velhas” amigas; o seu carinho ao receber-me em sua residência para uma posterior entrevista, deixou-me maravilhada; dentre todas as entrevistas que realizei para abrilhantar a minha dissertação de Mestrado, creio ter sido esta a mais completa, pois reuniu um leque de possibilidades para tê-la como inesquecível, complexa e agradável.
Destarte, agradeço, imensamente, a Deus por ter-me concedido a oportunidade de realizar um trabalho tão envolvente ao lado de uma pessoa tão capacitada e batalhadora como Dona Rachel, como também aos seus familiares que souberam receber-me em sua residência com carinho e extremada educação, em especial, Eloísa.”
Muito obrigada!




[1] Professora do CETEP (antigo Colégio Modelo de Caetité/Bahia). Graduada em História pela UNEB – Campus VI – Caetité/Bahia; Especialista em História Social – Brasil pela UESB (Vitória da Conquista/Bahia); Mestre em Educação pela UFSC (Florianópolis/SC); Acadêmica do Curso de Direito – VI Semestre pela FG – Faculdade de Guanambi.
[2] Entrevista realizada com Dona Rachel Andrade no dia 21 de julho de 2004. Diplomada pela Escola Normal de Caetité em dezembro de 1932. Data de nascimento: 30/01/1917.
[3] Entrevista realizada com Dona Rachel Andrade no dia 21 de julho de 2004, na cidade de Tanque Novo/BA.
[4] Entrevista realizada com Dona Rachel Andrade.
[5] Entrevista realizada com Dona Rachel Andrade.




O poema a seguir, retrata como era o dia a dia, na Escola Normal. Foi apresentado na 12ª Feira de Educação, Arte e Cultura do IEAT (Instituto de Educação Anísio Teixeira), em Caetité, no dia 29/10/2010, e cedido gentilmente, pelas professoras coordenadoras daquele evento, para ser postado neste blog. É de autoria da professora Maria Esméria, ex-aluna daquela escola.



Reencontro
Maria Esméria Guanais Aguiar Viademonte

Povoada de alegria,
De encantos,
De heróis, super-heróis,
Escrita a muitas mãos,
Um pedaço da nossa história,
Guardado em nossa história.
Nossas vidas tão azuis,
Tão transparentes,
Tão semelhantes...
A Escola Normal,
Nosso ponto de convergência
Com o Salão Nobre, o Cristo, o piano,
Com o mandacaru, os pátios,
As verdes pitangueiras,
O portão separando as alas
Masculina e feminina...
O bimbalhar dos sinos,
O intervalo das aulas,
O vigiado flerte entre estudantes;
Rapazes no portão,
Moças de azul e branco,
De braços dados,
Indo e vindo,
Em busca do olhar do namorado...
Belos dias!
Memorizando os pontos do professor Alfredo,
Copiando as anotações do professor Meireles,
Atentos à fala e ao belo
E penetrador olhar da D. Helena;
Maravilhados com a psicologia da D. Nizinha;
Mergulhados nos olhos azuis da D. Aída;
Amedrontados com a matemática do professor Hieront;
Curiosos ante os mistérios da vida,
Nas aulas do Dr. Clóvis;
Inebriados pela inteligência da D. Conceição;
Ansiosos pelas notas de D. Celina;
Interessados pelo cultivo da terra,
Nas aulas do Dr. Hernani;
Preocupados com as oscilações do humor do professor Edilberto;
Descontraídos nas aulas da D. Irany e do professor Almir;
Encantados com a beleza de Zilda Fernandes;
Com a doçura de D. Cina;
Com a elegância de D. Dalci...
Belos dias!
Docha, D. Tirça, D. Irene, seu Tatinho,
Guardiões das cadernetas...
D. Sussu, Teodolita, as secretárias perfeitas...
Tula, Nice, feitas de calma e calor,
Cuidando do espaço físico
Do jardim, onde brotava a flor.
Belo dia!
Nossa formatura,
Nosso grande sonho;
O sonho dos nossos pais concretizado...
As famílias orgulhosas, reunidas,
Vendo os rapazes com belos ternos;
As moças na igreja,
Vestidas de verde abacate,
De cor-de-rosa,
Dançando no Salão Nobre...
Cabeças cheias de fantasias,
E as mil estradas determinando
Que cada um seguisse a sua caminhada.
E são 50 anos!
De andanças, de lutas, labutas,
De batalhas vencidas, de derrotas sofridas;
De riso, de pranto,
De dias e noites voando
Ou se arrastando...
E são 50 anos!
Já não temos o mesmo brilho nos olhos;
A tez macia,
O sorriso brejeiro,
O andar faceiro...
E são 50 anos!
Já não temos no corpo a juventude,
Mas, não somos folhas secas ao vento...
Temos a marca dos nossos passos na estrada;
Temos as mãos estendidas,
O coração aberto,
A alma burilada,
Urdindo os fios
Do fim da jornada...
E são 50 anos!
Estamos felizes
Com o nosso reencontro...
E mesclamos as nossas alegrias,
As saudades dos que nos deixaram.


Outra poesia:


 Caetité, Terra da Educação
Caetité, cidadezinha do meu sertão;
De um povo humilde e sofrido,
Berço da educação.

Em 1898, inaugurou-se, aqui,
A primeira Escola Normal.
Diplomando, no ano seguinte,
Vinte e dois professores, no total.

A princípio, o curso era só feminino;
Tinha quatro anos de duração.
Garantindo, assim,
Qualidade na educação.

Dentre tantos professores,
Foi Marcelino José das Neves
Que até aposentar-se,
Aqui ficou.

A primeira Escola Normal
Pouco tempo durou.
No governo de Severino Vieira,
A escola, então, fechou.

Em 1925, a outra Escola Normal
Foi, então, criada.
E, no ano seguinte, inaugurada.

Durava quatro anos,
O curso normal.
E, apenas, dois anos,
O curso fundamental.

A escola tinha como diretor
Dr. Edgard Pitangueira.
Que aqui deixou os frutos
De uma educação verdadeira.

Em maio de 1941,
Houve uma mudança radical:
A escola se transformou
Em Escola Normal Rural

No governo Otávio Mangabeira,
Voltou à sua antiga categoria.
Em 1949, foi implantado
O primeiro ginásio em Caetité, Bahia.

Escola Normal e Colégio Estadual,
Em 1958, passou a ser.
Em 1962, Instituto de Educação,
Hoje, conhecido como IEAT.

Durante toda a história,
Reformas eram constantes.
Acabou-se o curso científico
E criaram-se cursos profissionalizantes.

Apesar das dificuldades,
Temos uma educação pioneira.
E esta terra deve muito
Ao saudoso Anísio Teixeira.

Autoria de Deidiane Farias, Ediane Rocha, Eliane da Cunha, Tatiane Cunha, Viviane da Silva e Viviane Junqueira – alunas do 2º Ensino Médio A (2010).

Obs.: Esta poesia foi copiada do blog do IEAT:


Veja biografias sobre alguns dos ex-professores da Escola Normal:


Leia sobre Anísio Teixeira - clique nos links abaixo:







Veja, também, alguns vídeos sobre Anísio Teixeira:


Anísio Teixeira e a Educação
http://www.youtube.com/watch?v=Q3F0hBUY_KU

Anízio Teixeira (Anízio com z)
http://www.youtube.com/watch?v=CkTRXdq2hZo

Anísio Teixeira: Educação não é privilégio – parte 1
http://www.youtube.com/watch?v=0afRAb9s9AM

Anísio Teixeira: Educação não é privilégio – parte 2
http://www.youtube.com/watch?v=pY27AwcQp54

Anísio Teixeira: Educação não é privilégio – parte 3
http://www.youtube.com/watch?v=y-waJS22_44

Anísio Teixeira: Educação não é privilégio – parte 4
http://www.youtube.com/watch?v=qDAtWBFwAIQ

Anísio Teixeira: Educação não é privilégio – parte 5
http://www.youtube.com/watch?v=irkbwNYh4ds

Máquina de Fazer Democracia – a vida e a obra de Anísio Teixeira
http://www.youtube.com/watch?v=gsobYRhetCs

Anísio Teixeira (Anísio com s)
http://www.youtube.com/watch?v=K3FRSBPpoF8

Aniversário de Anísio Teixeira


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