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30 de out. de 2010

CORDEL PARA RAQUEL









Contra-capa e capa do Cordel - dê um clique para ampliação!

A primeira foto da contra-capa é de 1965.
O menino que aparece ao lado da professora, é o seu filho Aparecido. Estava com cinco anos de idade, calça curta de suspensório, sem camisa, descalço, e com as pernas cinzentas de tanto brincar na areia.
Todos os outros estão identificados na página "Última turma lecionada pela professora Raquel".

A outra foto da contra-capa é da Praça da Igreja de Tanque Novo, no início da década de 1960.

Na capa, duas fotos: a primeira é da formatura, quando Raquel tinha dezesseis anos incompletos; e a segunda, aos dezoito anos, quando a mesma tirava seus documentos pessoais.


Este cordel, baseado na biografia da professora Raquel Pereira Carneiro, foi apresentado na abertura da 12ª Feira de Educação, Arte e Cultura do IEAT (Instituto de Educação Anísio Teixeira), em Caetité- Bahia, no dia 29/10/2010. Estiveram presentes, dois filhos de D. Raquel: Aparecido e Eloísa. Eles teceram alguns comentários sobre sua mãe e agradeceram por esta homenagem, aliás, a segunda dedicada a Raquel Pereira Carneiro, em Caetité, após sua morte. A primeira foi um trabalho realizado na faculdade da UNEB, em 2009. Veja, em arquivos do blog - novembro/2009, o tema e o vídeo exibidos. Uma honra muito grande para os descendentes dessa saudosa professora.
Segundo Aurélio (dicionarista), literatura de cordel é um romanceiro popular nordestino, em grande parte contido em folhetos pobremente impressos e expostos à venda, pendurados em cordel, nas feiras de mercados; daí a origem do nome.
O cordel é composto por 22 setilhas, ou seja, 22 estrofes com sete versos cada uma.
Confira:


Raquel Professorinha


I

Olá, classe estudantil!


É com muita satisfação,


Aproveito a oportunidade,


Para esta apresentação.


Vou falar de uma pessoa:


Raquel Professorinha,


Marco da educação.



II


Raquel Pereira de Andrade


Nasceu na fazenda Pintada.


Todos que a conheceram,


Sabem que era muito educada.


Passou a morar em Caetité,


Com sua tia Silvéria Maria Fagundes;


Aos quatro anos foi adotada.

III


Sobre sua história,


Eu ainda vou contar aqui.


Filha de Renato Pereira de Andrade


E Leonor Fagundes Cotrim.


Morava perto da Vila Gentio,


Hoje Ceraíma,


Município de Guanambi.


IV


Menina muito ativa,


Inteligente e dedicada,


Um ano antes de se formar,


Para um estágio, foi convocada.


Na comunidade de Juazeiro, cidade de Caetité,


Na residência do Sr. Antônio Tintino,


Por dois meses ficou hospedada.


V


Raquel Professorinha,


Como era conhecida,


Ao saber da educação,


Dedicou sua vida.


Sendo nomeada pelo Estado,


Para trabalhar em Tanque Novo,


Onde foi muito querida.


VI


Dois guarda-fios de Caetité,


E por sua tia Silvéria, foi acompanhada.


Chegando a Tanque Novo,


Ela foi bem tratada.


Logo nos primeiros dias,


Na casa do Sr Teotônio Marques da Silva,


Com imenso carinho, foi recepcionada.


VII


A primeira sala de aula,


Foi cedida por Dãozinho.


Matricularam trinta alunos,


Que pareciam seus irmãozinhos.


Na faixa etária de sete aos dezesseis anos.


No recreio, estava disposta a brincar,


Pois, eram todos novinhos.


VIII


Apesar de sua pouca idade,


Sabia como agir.


Aqueles que se rebelavam,


Estava disposta a punir.


Colocava-os de castigo;


Pois, tinha maturidade e coragem,


E uma missão a cumprir.


IX


O tempo passou.


Alunos do primeiro ao quinto ano,


Na mesma sala, foram integrados.


As matérias básicas eram por todos, estudadas.


Gramática, Aritmética,


História, Geografia e Ciências;


Ensinava também, artesanato e bordado.


X

Visitas periódicas de inspetores escolares,


Eram feitas nessa ocasião.


Chegavam de repente, sem qualquer aviso prévio,


Para, do ensino fazer, uma avaliação.


Ela não se preocupava,


Pois, contava com excelentes alunos;


Os quais, zelava com emoção.


XI


Raquel Pereira costumava passar suas férias,


Até mesmo os feriados,


Em Igaporã, antigo Bonito.


Ou melhor, um povoado.


No dia 7 de setembro de 1935,


Para morar com ela e sua tia Silvéria,


Seus primos foram convidados.


XII


Justiniano Pereira de Sousa


Atendeu o solicitado.


Tinha apenas quatro anos;


Foi criado e educado


Pela professora Raquel e tia Silvéria;


Que lhe deram muito carinho,


E pelas duas foi muito amado.


XIII

Alguns anos depois,


Em 1943, essa professora se casou


Com Arlindo Alves Carneiro;


Era comerciante e agricultor.


Dava-lhe apoio na escola.


Raquel Pereira Carneiro,


Assim a chamou.


XIV

Desse casamento, nasceram oito filhos:


As flores do jardim.


Sendo seis vivos;


Os outros dois tiveram fim.


Que com poucos meses de vida,


Vieram a falecer.


Os chamados: Zélia e Joaquim.


XV


Além de ser professora,


O catecismo ensinava.


Sobre os hinos religiosos,


A mocidade estava informada.


Na coroação de Nossa Senhora,


Seus alunos


Eram orientados.


XVI

Com o leilão da primeira noite de novena,


Em louvor ao Coração de Maria,


Por ser de boa índole,


Ela contribuía.


Costurar roupas, bordar enxovais de noivas,


Tocar bandolim e realizar trabalhos domésticos,


Nada em troca queria.


XVII


Por sua imensa capacidade,


De muitos momentos solenes participou.


O Posto dos Correios e a feira livre,


Foi ela quem os criou.


Com a ajuda do seu marido Arlindo,


Que escolheu terça-feira,


O dia em que a feira de Tanque Novo realizou.


XVIII


Foram 32 anos de magistério,


Porém, com saldo positivo.


Além da confiança,


Conquistou muitos amigos.


Pois, todos se tornaram pessoas importantes.


E agradeciam-na


Pelo sucesso garantido.


XIX


Sempre foi grata aos professores,


O futuro da nação.


Também, a algumas pessoas de Caetité,


Que colaboraram com sua educação.


Lugar de muitas riquezas,


Terra de Anísio Teixeira,


Berço da educação.


XX


Minha bela Caetité,


Princesinha do Sertão,


É um exemplo a toda nação.


Por ti bate forte o meu coração.


Fonte de muitos mistérios,


Salve o magistério,


A base de uma bela educação!


XXI

Caetité é o meu município,


Vargem do Anguá é o meu lugar.


Os professores são nossos amigos;


Sempre estão a nos ensinar.


Estou morando em Caetité,


Fazendo Normal Médio,


Para, em uma educadora, me transformar.


XXII


Termino este cordel, parabenizando o IEAT


Pelos alunos competentes.


A qualidade da educação


É muito surpreendente.


Inspirem-se em Raquel Professorinha;


Valorizem o magistério,


Os que virão futuramente.



Autoria de Ionali Almeida Silva


Aluna do 3º Normal Médio B



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