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13 de set. de 2020

O SÃO JOÃO DA MENINA ELÔ

Cordel da professora Márcia Haidê de Caetité, baseado nas histórias de Eloísa. Márcia é membro da Academia Caetiteense de Letras.


O São João da Menina Elô

 

Das lembranças que trago

a primeira é a da mãe querida,

Ilustre professora Raquel,

que jamais será esquecida,

pois, ela muito se lembrava

e, emocionada, narrava

esse capítulo de minha vida.

 

O São João de Tanque Novo

sempre foi muito animado.

Em cada rua, em cada roça,

por todos comemorado.

Em tempos de pandemia

Sem nossa maior alegria

o jeito é voltar ao passado.

 

Lembro que em 1974

chegou aqui um contador,

sujeito muito simpático,

com fama de galanteador.

Estava recém-formado

e vindo de Brumado

esse nobre conquistador.

 

Junto com Élio Marques

Figurão deste lugar,

Valdo de Zenaide e Benévolo

outras pérolas que devo citar,

o tal cabra arretado,

o famoso Gilberto Dourado,

Resolveu reinventar.

 

Foi fundada uma cabana

inspirada nas coisas da roça.

A tal Tonga da Mironga

era toda feita de choça.

Mas, mesmo sendo singelo

ficou bom e muito belo

nosso clube de palhoça.

 

Eu, que era ainda menina,

não podia ainda entrar,

pois, o perigo, na época,

era o Bráulio se enfezar

e terminar as pancadarias

junto à casa do tio Azarias,

fazendo a festa acabar.

 

Nesse tempo de menina

Eu andava rindo à toa.

Lembro bem dos preparativos

desta festa muito boa.

Só uma coisa eu não gostava!

O que muito me torturava

era a matança da leitoa.

 

A grande atração da festa,

disto me lembro bem,

era o Velhinho da Fogueira

que tocava como ninguém.

O sanfoneiro dava o tom

e a gente curtia o som.

Dançando num vaivém.

 

Outra coisa que não esqueço

é aquela superstição

que tinha no dia seguinte,

dia santo de São João.

Usando a coroa de são caetano

a gente se benzia todo ano!

Era parte da tradição.

 

Outra coisa interessante

que gosto de recordar

era aquela superstição

para o nome do amado achar.

Que gostosa brincadeira!

Os papeizinhos na fogueira

para um nome revelar.

 

Mas, quando fiquei mocinha,

com meus vestidinhos de chita,

saía toda emperiquitada,

com a roupa nova e bonita;

e caía na festança

onde tinha a comilança,

a quadrilha e o pau-de-fitas.

 

Êta tempinho bom!

Guardado no coração.

Rolava tanta paquera!

A gente tomava o quentão.

E antes da fogueira apagar

a batata tinha que assar

pra completar a diversão.

 

Nossa festa também tinha

outra singularidade:

era o caminhão da folia,

com sua excentricidade

Tião de Dorinha o criou

e pelas ruas circulou

carregando a felicidade.

 

As quermesses eram lindas!

Havia maior devoção.

Até nas festas escolares

maior era a animação!

Pois havia uniformidade,

muito mais fraternidade,

e muito mais São João.

 

Não que agora seja ruim.

Mas, o tempo é curto e voa!

Carregando certos costumes,

certos detalhes e certas pessoas.

E em mim bate a saudade

daquela felicidade

daquela festa tão boa.

 

Essa é a história de Eloísa

Filha de Arlindo e Raquel,

mãe de três lindas meninas,

a esposa de seu Miguel.

Que relata com emoção

como era seu São João

nas rimas deste cordel.

 

 Por: Márcia Haidê, Junho/2020


 


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