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11 de jan. de 2009

POEMA - O BEIJO DA MAMÃE

(Recitado por Raquel Pereira)

I
Eu era pequenina e queridinha da mamãe.
Ela era tão boa!
Vinha todas as manhãs, me dar um terno beijo
e dizer que eu fosse boazinha.
E me dava, além de você,
muitos beijos ao deitar.
II
Uma certa manhã,
mamãe não comparece.
Um sobressalto me apavora:
Por que não vinha me beijar? Coitada!
Estava doente de uma febre forte e brava.
Febre que não se vê.
III
Passou um mês assim,
e, quando um dia beijei mamãe,
senti-a toda fria!
Então, chorei.
Chorei e cessou meu longo pranto,
ao saber que mamãe dormia.
Entretanto, perto dela fiquei.
IV
Do seu leito a passaram para outro leito,
um leito estranho, longo, baixo...
Assim, mamãe irá dormir mais sossegada!
A mim, explica toda gente.
V
Mamãe saiu de casa carregada
e foi ao Campo Santo.
Eu, ainda, nada suspeitava de mal.
Resignei-me a guardar
o grande sono da mamãe,
que dormia ao abandono
do mundo ciprestal...
VI
Um dia, não pude mais, pela saudade de vê-la.
Choro, grito: a gente me há de conduzir
ao solar onde mamãe está dormindo.
Eu quero; venço. E, trajada com vestido austero,
mamãe vou visitar.
Mamãe estava, oh meu Deus, no cemitério.
VII
Só então compreendi o grão mistério
do seu longo supor:
Ali, no fundo de soturna aléia de ciprestes,
um túmulo branqueia, que esconde o seu amor.
VIII
Debruço sobre o mármore gelado...
Chamei mamãe em alto brado,
em minha dor sem fim.
A mamãe não ouvia meus queixumes,
nem via o pranto a me queimar os lumes.
Esqueceu-se de mim!...
IX
Aflita, tento erguer a branca laje do túmulo,
mas esta nem reage a minha vã tenção.
Já sentia nascer o desespero,
quando a voz da mamãe que eu tanto espero,
me vibra o coração:
X
_ "Filha minha, não chores minha morte!
Nem de meus ternos beijos mais te importe.
Sê boa e sem labéu;
busca a Jesus e faz teu amigo.
E, assim, vindo dormir feliz comigo,
te beijarei no céu."

(Autor desconhecido)

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